terça-feira, 9 de setembro de 2014

Dois pés na lama e um dedo na boca

Mas me disse o rapazote "Oxe! E tás assim, é?" e foi aí que mudei. Num só passo que dei voltei três dias, mas amadureci três meses. É nesses vai e volta da vida, um embalo estranho de quem não quer nada mas te instiga, naquela vontade que arde mas que nada se resolve, que tu avança como gente.

O sentido do que tá acima ainda se perde, mas digo de novo: é que nem aquele vai-num-vai, aquele chamego gostoso, aquela mão na cintura e um xêro no cangote. Pode ir pra muito mais, pode ficar só naquilo. E o momento? É o que importa, meu querido.

Pois então vamos, que a vida não é curta, mas é feita disso e daquilo outro, que cada um tem o seu. A minha é feita desse chão pisado e daquele abraço que não foi tão forte quanto se queria, pela timidez de um menino. Mas que não desanima, não se apaga a alma, que mantem aquela esperança de que vai ser ainda o que se quer; e se não for aquilo tudo, tem problema não! Vai ser coisa melhor, me disseram.

E nesse passo a passo de como ser feliz, eu descubro: VIVA! à tudo isso! E aos amigos e as d#*gas que os acompanham, porque difícil é viver são! Bora meu nêgo e minha nêga, me deixe lhe dar um aperto e siga comigo, que o próximo passo pra me perder eu quero dar ao seu lado!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Necessidade de algo

Preciso de um novo vício.

Um que eu possa usufruir de seu prazer pouco a pouco, e sofrer as consequências somente no futuro.

Um que eu possa usar pra me destruir. Que eu possa usar de desculpa para quando tudo der errado, que eu possa culpar quando não cumprir com algo, e também argumentar seus benefícios à curto prazo.

Que eu possa influenciar os outros a seguir e então não me sentir sozinho no caminho sem volta. Que possam então apontar contra mim, me julgar de má influência e então me abandonar.

Um vício que possa me fazer parecer cool, contraventor e interessante, que me faça visível, desejável e desprezível. Que me tire das amarras do comum.

Um que eu odeie, mas que irei praticar apenas pelo ato em si. Para ser alguém.

Para ter dor e então amortecer as outras dores, puramente psíquicas e inúteis.

Para ter medo, e ignorar completamente os medos que me assombram a cada passo dado, no mais claro e feliz dos dias.

Para ter arrependimento, adicioná-lo à coleção de tantos outros, e relembrar que covardia é uma escolha tanto quanto é uma doença.

Para arriscar que um vício novo vá matar meus outros, subtraí-los em um espécie de matemática febril, e o resultado seja algo melhor que eu.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Quase negação.

Foi o toque dos dedos teus, quentes, mas inexpressivos. Infelizmente, sempre infelizmente. O que se contorcia ao redor não me importava, não me atingia, eu sequer enxergava. Foi o sorriso, foi o abraço, foi o presente. Foi o passado e o presente, e o futuro ainda incerto mas aparentemente já escrito.

Um ponto que não magoou, somente feriu. Sarou. Mas aquele ponto vai ficar, como mancha na história da vida que ainda há muito de seguir, sem ansiedade alguma que possa apressá-la. Tudo no tempo certo, mas no tempo que eu não quero e que nem quero esperar que chegue. Querer que seja agora não é pecado e nem é falha, é somente intensidade.

Pena é, que a força do desejo não impele nada à frente; não quando o desejo é de consumir carne e coração, sem que o outro deseje o teu mesmo. Sem que conserte-se antes a dúvida do que se quer. Que conserte-se antes os atos que contradizem as palavras.

Ouvi o conto de um tolo, dizia ele que o tempo cura. O amigo tempo só cicatriza. A cura vem presa ao cinto da conclusão, que é sábia e tudo compreende.

Todos os quases da vida precisam de uma direção para terminarem. Todos os nãos só precisam de uma coisa: explicação.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Aba pora ú: porque somente os poetas e músicos podem falar de amor?

Eu me perdi em meio a tempestade que assola o continente. A revolta no clima social me jogou para lá e para cá, sem perdão. Trezentos e tantos motivos, mas dormi sobre alguns deles.

Mesmo dos acordados permanecerem somente os filhos de maio adiante, e os mais ancestrais estão a um canto, de castigo, na memória, como música velha que não se lembra o cantor. Ocorreu, então, mudança tão grande em mim? Expressiva assim, a ponto de abandonar-se o passado recente, inútil e vergonhoso? De algumas poucas vitórias, sim, mas insatisfatório em um todo, e portanto deixado de lado? Moldaram-me estas novas sombras em algo irreconhecível?

Atento que resta ainda a Somnus duas mil e tantas tentativas de me capturar, enquanto acompanho os tais novos artesãos de minha vida. Mais, talvez, porque o futuro é incerto. Menos, talvez, porque o amanhã é cruel. A incerteza que é a beleza da coisa, dizem.

Enquanto isso as juntas trabalham incansavelmente, pro produtivo e pro inútil. Existe a necessidade de relatar, mas porquê? Haveria uma libertação real nos caracteres se é acompanhada do terror de ser completamente verdadeiro? A mão dói e falha, a mente então suspira a falta em não ter se acabado por contar estórias e sim por ser espectador das histórias alheias. A culpa foi do terror, eu creio. A culpa foi dos outros, a boca afirma.

É engraçado - bizarro, duvidoso, egoísta, preconceituoso, fútil, mascarado, irritante, invejável, desejável, apetecível - que somente os poetas e os poetas possam falar de amor. Talvez seja esse o problema.

Ter sido pisado por tantos homo sapiens sapiens, por falta pessoal, torna o ser incompreensível até quando se abre para os outros. Ser engolido por tantos homens competitivos torna a comunicação textual algo de si para si mesmo, ilegível aos transeuntes, e inútil por extensão. O exemplo é este mesmo.

Mas ao fim de tudo - me adianto - o saldo é positivo, ainda que precise se esforçar para brilhar mais intensamente que seu gêmeo maligno. Não há descanso para os fracos, mas não poderia confirmar isto pois sou forte. Descobri-me forte. Acho. A dúvida é uma fraqueza por si só, possivelmente. Existem uns cinco motivos restantes, talvez eu encontre a resposta neles.




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Destitulado, mas se quiser pode chamar de "A sina de um homem".

Já gastei o tempo de muita gente com meus textos inspirados em situações aleatórias do meu dia, de vez em quando arriscando adentrar em assuntos menos cotidianos e ainda mais imbecis.

De uma forma ou de outra, grande amigo meu teve vontade, recentemente, de escrever sobre um dia seu. Dias marcam de formas diferenciadas, e às vezes o mais feliz dos dias é só mais um, e aquele comum e esquecível se torna, então, não tão esquecível assim.

E, como sempre, estou a protelar.

Como gosto de incentivar a escrita nos outros, e este meu amigo não possui um espaço específico para divulgar seu diário de um dia comum, decidi oferecer meu blog. E aqui está, um texto sobre um dia comum, de um homem comum, passando por situações comuns.


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E essa é uma história de um homem e sua sina.

Era um dia normal na vida do cidadão. O mesmo dia que ele havia tido várias vezes ao longo daquele ano diferente pra ele. E o ano estava sendo diferente sob todos os aspectos. Mas uma coisa ainda continua a mesma: a sua maldita sina.

Num dia quente de novembro, nosso herói (se é que pode-se dizer isso a respeito de nosso intrépido), acordou como sempre acorda. De folga do serviço, como tem feito ultimamente, quase como uma novidade assustadora em sua vida, ainda de pijamas, levantou, seguiu ao banheiro, deu uma senhora mijada, balançou seu instrumento, e o guardou para dentro do shorts. Lavou suas mãos e seu rosto, e com uma cara passada, abriu as janelas de sua casa. Afinal, ele precisava de ar fresco. E sua casa precisava de sol. De pijamas, tomou um senhor café da manhã assistindo TV, do jeito que a nutricionista e o médico lhe indicaram. Cereal com granola, iogurte, uma banana, um pão com requeijão e um copo de suco.

 Aproveitando o dia de folga, decidiu fazer uma faxina em sua casa. E fez uma extensa faxina em seu quarto, passou pano no chão, tirou o pó dos móveis. Quarto limpo, era hora de malhar o corpo, em seu projeto de deixar de ser o que ele era. Ok, nosso herói mais pra frente notará que ainda falta muita coisa a mudar.

Desenvolvimento de ombros, tríceps no colchão, remada baixa, 4 séries de 60 abdominais em cada músculo. Nomes estranhos, mas eles fazem parte da vida no nosso herói, coisa que ele nunca imaginava. Não houve movimento na academia. Frequentá-la no início da tarde te dá a sorte de pegar os aparelhos livres só e somente para você.

Treino feito, 15:35 da tarde, e a pergunta: o que fazer? Descansar e esquecer da vida? Ir ao cinema assistir Capitão Phillips e chegar em casa pra lá das 10 da noite? O calor era um impedimento. E nosso herói o odeia com toda a força de seu ser. E ainda precisava limpar o quintal de seu cachorro, precisava almoçar, tomar um banho, fazer a barba.

Como num flash, ele, resignado, decidiu ir ao cinema. Tomou seu suplemento, comeu seu almoço altamente calórico, brincou com o vira lata enquanto limpava o quintal. O melhor investimento com a melhor taxa de retorno existente: atirar a bolinha para o cachorro.

E, ah aquele banho gelado que lavaria a alma do mais impuro do mortais. Ducha na posição "Verão" e registro aberto no último. A água gélida ajudava a refrescar nosso herói no calor.

Banho tomado, dentes escovados, barba sem fazer (pra dar um charme), perfume e cabelo arrumado, parte nosso herói rumo ao cinema. Ônibus no horário, fones de ouvido tocando de John Mayer até Led Zepplin. Nada muito novo. No cinema, pra evitar a fila, comprou o bilhete pra assistir ao filme num guichê de atendimento eletrônico. Correu para a sala, uma vez que já estava quase no horário, sentou-se, e aproveitou o filme.

Nosso herói tinha mais uma coisa a fazer, pagar uma simples conta. Mas o cansaço falou mais alto. Ele decidiu deixar para outro dia, até porque, ele ainda tinha alguns dias para poder acertar essa pendenga.

Correu para o ponto e pegou o primeiro ônibus. Não era o ônibus para a sua casa, mas o levaria para um local aonde passavam mais oportunidades. Logo quando ele entrou no primeiro ônibus, viu o ônibus que o levaria direto para sua casa. Decidiu ficar neste até o próximo ponto. Desceu e aguardou.

Só que mal ele sabia que ali estava uma oportunidade. Oportunidade esta, que como sempre, ele não aproveitaria. Ele, e um monte de amigos que provavelmente vão entender o que ele está contando.

Era uma menina. Calça jeans, sandalinha, pele clara, óculos e uma blusinha verde, rosto de traços finos porém fortes. Ela fazia muito mais o tipo "Mãe dos seus filhos" do que "Vem cá e faça amor por uma noite". Tudo que o nosso herói mais desejava encontrar na vida dele.

Logo quando nosso herói chegou no ponto, eles trocaram um olhar. Até aí, tudo bem. Quando seu ônibus chegou, nosso herói ficou na fila pra adentrar. Ela entrou antes, umas 4 pessoas antes. E nosso herói torceu para que ninguém se senta-se ao lado dela. Mesmo o ônibus estando um pouco lotado, ninguém sentou. E lá se foi nosso herói e se sentou ao lado dela. Se sentou, cruzou as pernas like a boss e colocou seus fones de ouvido, para acompanhá-la, já que ela também estava ouvindo.

O que se seguiu a partir desse ponto foi uma série de flertes. Um olhava o outro de canto de olho, e o outro respondia de mesma forma. Um, batia os dedos nas pernas no ritmo da música que ouvia, o outro, fazia o mesmo. Ele, não parava de olhar as mãos dela. Lindas, delicadas, com unhas bem cuidadas, uma pele, visivelmente sem defeitos.

Até que chegou o momento. Nosso herói, ali, foi provado, mas não falhou em sua missão. Falhou miseravelmente.

Num certo ponto do caminho, nosso herói, de canto de olho, notou que ela estava observando-o. Ele, então, ao invés apenas dar uma olhada de canto de olho, virou o pescoço, e a olhou nos olhos. Ela, olhava-o, com um pequeno sorriso no rosto. Só que... nosso herói ainda não havia mudado e melhorado o suficiente para fazer o que realmente devia ser feito. Ele, olhou para o outro lado, um pouco gelado, um pouco nervoso. Sentia que ali, havia uma chance, uma oportunidade. Mas ele estava desperdiçando. Não sabia o que fazer, como proceder, e tudo que ele imaginava, na cabeça dele, o levava ao fracasso.

Restou então, sentir-se uma idiota. Alguns minutos depois, a menina levantou-se, deu sinal, e, esperou na porta, para descer. Ela deu uma última olhada de canto de olho, e desceu. E lá se foi nosso herói, sozinho de novo, fracassado, e sem entender como mudar isso.

Não há fórmula mágica. Não há remédio mágico. Não há pilula azul ou pilula vermelha. Então, o que há? Com o nosso herói, com um monte de seus amigos, o que há? Fica a pergunta.

 

PS.: Assistam Capitão Phillips, é o melhor filme do ano, na minha opinião.

Lugar-comum (ou "o professor faltou então não perdi nenhum minuto").

Ele não parece ser nenhum tipo de perdedor; é alto e de bom físico, ainda  que não seja forte. Ela, apesar de eu não  conseguir averiguar a beleza por culpa da distância, não surpreende à primeira vista, pois possui o corpo pouco escultural. O que faria então, ele com ela?

Destilo aqui um preconceito nato, desenvolvido ao longo dos anos, e que nem de longe ousa penetrar a primeira das camadas do que de fato define as relações humanas, ainda mais em se tratando das amorosas, sempre tão complexas, para não citar que desnecessariamente. E o que define, exatamente, o amar? Qual o preço a se pagar para ter alguém, e ter que esse alguém também lhe queira? Existem sempre os processos naturais; conhece-se um indivíduo e logo cria-se a amizade. Em alguns casos ela já vem pronta, à primeira vista, à primeira piada, ao primeiro abraço. E é o mesmo para o amor. Ou a paixão. Há quem diga que qualquer sentimento prematuro é paixão, e amor se desenvolve em conjunto, com o tempo; há quem fale do amor à primeira vista , que não há necessidade de tempo ou prévio conhecimento; afinal, há amores de todos os tipos, como de parentes em geral e amigos, e quem pode decidir por todo mundo que não foram estes de imediato?

Na verdade, não conheço ninguém que tenha mencionado essas anteriores análises, são só coisas que estão passando pela minha cabeça enquanto escrevo. Mas sabe como é, precisa-se dar um charme na escrita. O fato é, as pessoas tem medo das palavras. Dessas então, em especial. Por falta de capacidade de entender inicialmente os sentimentos alheios, assustam-se com o pronunciar de títulos e classificações para os abstratos. Mas são somente termos. Formas fracas e vazias  de se tentar explicar algo sem norma e descrição. Não há porque temê-las; antes deve-se entendê-las como um termo geral, indicando um sentimento ou conjunto de sentimentos geral: o de se importar e querer se fazer presente o máximo possível.

E agora eu pareço já, certamente, um tolo ultrapassado de eras ultrapassadas, observando o espelho d'água agitar-se sob o peso das gotas, ouvindo o ritmado som de seu rebuliço, e  tagarelando sobre o amor como o faria um infante. Vim aqui para ler, acabei escrevendo. E acabei expulso. Pela chuva. Não a culpo pois, de fato, a adoro. E sobreviveria e permaneceria sob seu derramar não fossem estas folhas em que escrevo tão frágeis; não fosse a tinta desta surrada caneta tão diluível, solúvel, escorrível pelo caminho aquático deixado pelas gotas. A cada avião que cruza o espaço aéreo longínquo, o desejo de que ele ceda da tal força mágica que o flutua; não por crueldade, e sim por necessidade de assistir um algo novo, um espectáculo inédito, de fogo. Para me tornar menos vil - se preferir - admita que nesta minha fantasia do desespero todos os tripulantes saiam miraculosamente vivos. No máximo, tomaram o maior susto de suas vidas, e medo não faz mal algum, constrói o caráter. Medo das palavras, entretanto, é um tanto mais perigoso...

Mas é melhor você parar de ler por aqui antes que eu retorne aos meus discursos desprovidos de razão e experiência sobre os sentimentos humanos.

E é melhor eu parar de escrever por aqui antes que eu perca mais algum minuto de aula.                               

domingo, 27 de outubro de 2013

O desinteressante Outubro.


Percebi, hoje, que Outubro é um mês desinteressante. O que rola em Outubro? Nada. Mês do quê? Do Halloween? Dane-se, não comemoramos isso aqui. Infelizmente, eu diria.  Tá, parcialmente há comemorações. Coisas como Noite do Terror e relacionados. Isso me lembra que na realidade eu já fui a uma festa de Halloween. Tenho várias lembranças dela, a maioria... complicada. Mas como não estou aqui para uma sessão barata de auto-psicologia, vou fingir que não lembrei dessa festa, nem de como nela eu estava mais perdido que estudante em dia de ENEM.

Aaaaah, saudoso ENEM. Ir dormir tarde no dia anterior por causa do nervosismo, acordar cedo no dia seguinte por causa do mesmo motivo. E ainda assim, há alguma pressa, correria, e daí você chega atrasado por três minutos e se sente a pessoa mais imbecil que já ousou profanar a Terra com sua falta de capacidade cerebral.

...

Como assim vocês nunca passaram por isso? Como assim só gente demente se atrasa pro ENEM? Perder um ano inteiro de estudos e de dinheiro de seus pais ajuda a moldar o caráter, lhe digo eu!

Perder duas vezes, por outro lado, nem tanto. Mas são águas passadas. Agora estou na faculdade e dou orgulho aos meus pais mesmo reprovando quatro disciplinas em um só semestre! Quem liga pra reprovação dentro da faculdade? Já está na faculdade, não sai mais, isso que importa. O que importou foi em 2006 quando eu reprovei o 2º ano do Ensino Médio...

...deuses, como minha vida acadêmica é desastrosa. Seria trágico se não fosse engr... ok, é somente trágico mesmo. Tá num nível que dava pra contratar o Sr. Omar pra narrá-la.

Mas o segundo período começou – não chamo de segundo semestre porque começou no fim de Outubro – e com ele vieram os alunos novatos. Gente nova sempre mexe um pouco com os alicerces da já constituída-ao-longo-de-quatro-meses rotina social. Principalmente nesse caso em especial porque, aparentemente, esta nova safra de senhoritas e senhoritos veio consideravelmente mais bonita. É o que tenho ouvido. Estávamos a conversar eu, um amigo e uma amiga, e esta, com toda a ausência de tato possível, comentou que os alunos novatos de Geologia – curso a qual pertenço, e os amigos aqui citados também – eram muito mais “apresentáveis” que os que adentraram a faculdade com ela, ou seja, eu e o amigo que nos acompanhava. Ora pois, muito obrigado pela parte que me toca! Lembrarei de suas palavras quando um dia chegar à minha porta pedindo um copo d’água que seja, o qual negarei e gritarei a plenos pulmões demonstrando toda minha imaturidade latente: VAI LÁ PEDIR PROS NOVATOS GATINHOS, VAI.

Ou vão me dizer que vocês nunca usaram esse tipo de resposta? Todos usam. Todas as mulheres usam, com certeza. “Vai lá com tua amiguinha então”. E a vontade que dá é responder “ok, champs, falous”, mas evitamos porque não queremos morrer sozinhos e solitários.

Mas eu divago.

Como dizia, os novatos de Geologia chamaram a atenção. Além do caso já citado, no elevador, certa vez, vi um grupo de veteranos do curso comentarem como as garotas novatas eram bonitas, e o assunto surgiu entre eles porque logo antes de todos adentrarmos no elevador, o mesmo expulsou um grupo de novatas; um grupo particularmente dotado de grande beleza, eu adicionaria.


Existem fatores engraçados que mexem com o relacionamento de grupos escolares. Desde que entrei no Ensino Médio que a maior parte de meus anos como estudante se deu como membro de grupos de meninas, sendo eu o único homem. É um convívio interessante e uma experiência antropológica. A competição é tão extrema e visível que chega a assustar. Num grupo misto, a competição está mais diluída, e menos propensa a alcançar um extremo, mas existe.

E é isso que eu faço quando vou para aula, fico observando como as pessoas agem, ao invés de estudar. Por isso que eu reprovo quatro disciplinas por semestre e faço meu pai pensar que deveria ter parado no primeiro filho e comprado um carro e uma casa.

Desculpa aí, velho. Juro que termino a faculdade em no máximo treze anos, já que o recorde atual é de catorze. Sim, catorze. E você que estava aí pensando que eu era o ser mais academicamente detestável deste lado do país.


Bem, Outubro logo mais acaba, e este texto também. Notei que neste eu me dirigi aos leitores muito mais vezes que o normal. Estaria eu mudando meu estilo? Estaria eu carente? Estaria eu morrendo? Bem, em um texto anterior eu mencionei a questão de morrer aos 22. Não morri. Meus 23 estão quase aí, vai ver a hora chegou.

Mas caso não tenha chegado, eu devo voltar aqui em breve pra postar mais idiotices sobre o Natal, o fim de ano ou as novatas gatinhas e o quão desastrosas para o equilíbrio social pré-estabelecido suas presenças se tornaram.

...

Começo a temer a ideia de divulgar este texto.